A Era dos Edifícios Inúteis
Paulet St. John cavalgava através das dunas do Hampshire, no sul de Inglaterra, gozando o passeio ao ar livre. Subitamente, quase sob as patas do cavalo, abriu-se um fosso profundo, que passara despercebido para o cavaleiro, mas que o cavalo notara, salvando-se a si e ao dono transpondo o fosso com um fantástico salto de 7,5 metros.
Atualmente, ainda é possível contemplar o monumento erguido a esse espantoso salto – uma pirâmide com cerca de 9 metros de altura em Farley Down, no Hampshire. St. John passou a chamar ao cavalo «Cuidado com o Fosso de Cré» e construiu uma pirâmide que assinalasse a sepultura do animal quando este morresse. De facto, como um homem do século XVIII, partilhava do gosto prevalecente na época por folies – edifícios erguidos sem outro propósito além de satisfazer o capricho extravagante de um proprietário abastado.
A grande era deste tipo de construções em Inglaterra prolongou-se pelos séculos XVIII e XIX, embora alguns destes edifícios fossem erguidos mais tarde. A torre gótica com mais de 40 metros, fora dos limites de Faringdon, no Berkshire, por exemplo, foi construída em 1930 por Lord Berners, o qual teve, contudo, dificuldade em ver aprovado o projeto da mesma. Quando um visitante objetou que a torre ficava tão afastada da casa que só podia ser vista com um telescópio, Berners replicou que, como almirante reformado que era, não concebia outra forma de admirar a paisagem campesina.
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