Maomé e o Islamismo
Juntamente com o Judaísmo e o Cristianismo, a religião predicada por Maomé, o Islamismo, forma a tríade de credos monoteístas que partem direta ou indiretamente da Bíblia.
O termo Islão significa submissão a Deus e um muçulmano é literalmente aquele que se entrega apenas a Deus. A sua franca expansão no mundo, especialmente em África e na Ásia, deve-se em grande parte à facilidade com que absorveu cultos locais e os dirigiu no sentido de dar uma maior amplitude a uma visão monoteísta.
A mensagem do Islão caracteriza-se pela sua grande simplicidade e contundência. "Não há outro Deus senão Alá, e Maomé é o seu Profeta". Trata-se com efeito de uma religião profética, que apela a uma revelação divina que Maomé teria recebido em diversas alturas da sua agitada vida.
Apesar das tendências hagiográficas dos seus biógrafos, a figura de Maomé aparece nas fontes documentais como uma personalidade convincente, decidida e carismática.
Maomé, cujo nome próprio deriva do verbo hâmada (significa "digno de louvor"), nasceu em Meca na tribo árabe coraixita. O seu pai, Abdalá, morreu antes do seu nascimento e a sua mãe, Amina, faleceu durante a sua infância.
Mercador de profissão, Maomé foi questionando ao longo da vida as práticas religiosas da sua época. Revoltava-se sobretudo com as práticas da religião dos árabes, o politeísmo e o animismo idólatras, a imoralidade nas assembleias e toda a vida de pecado em moda na altura.
Segundo a tradição, aos 40 anos de idade recebeu a missão de pregar as revelações de Alá, que lhe foram comunicadas pelo arcanjo Gabriel. Maomé costumava ir sozinho a uma gruta próxima, chamada Gara Hira, onde o anjo lhe terá ordenado que citasse o nome de Alá. Aquilo que Maomé começou a recitar veio a ser encarado como a primeira de uma série de revelações que constituem o Corão.
Sem saber ler nem escrever, teve de memorizar todas as revelações de forma a que pudesse repeti-las, e crê-se que durante mais de 20 anos foi recebendo essas revelações. Segundo os muçulmanos, a cada revelação, Maomé recitava-a para os que estivessem por perto. Estes, por sua vez, memorizavam-na e, por recitação, mantinham-na viva.
Visto que os árabes desconheciam a arte de fabricar papel, Maomé fez com que escribas anotassem as revelações em primitivos materiais, então disponíveis, como omoplatas de animais, folhas de palmeira, madeira e pergaminho. Mas foi apenas depois da morte do Profeta que o Corão assumiu a sua forma atual, sob a direção dos seus sucessores e companheiros, durante os governos dos três primeiros califas.
Contudo, este novo tipo de monoteísmo chocava com as crenças tradicionais. Maomé enfrentou grandes dificuldades para pregar a sua nova fé, sendo obrigado a fugir, em 622, para a atual Medina, onde as tribos árabes viviam em permanente tensão entre si e com os judeus.
O Profeta estabeleceu a paz entre as tribos árabes e com as comunidades judaicas, e iniciou uma luta contra Meca pelo controlo das rotas comerciais. Por fim, conquistou Meca, que capitulou diante de si em janeiro de 630, passando a governar a cidade. Tendo em mãos o controlo secular e religioso, Maomé conseguiu varrer as imagens idólatras da Caaba (edifício simples de forma cúbica, sagrado para os muçulmanos, que teria sido construído por Adão e, depois do dilúvio, reconstruído por Abraão e Ismael) e estabelecê-la como ponto principal de peregrinação, que persiste até hoje.
A sua fuga de Meca, em 622, chamada de hégira (significa "procura de proteção"), marca o início do calendário muçulmano e indica a passagem de uma comunidade pagã para uma comunidade que vive segundo os preceitos do Islão. Esta ideia de comunidade, assim como a doutrina do Profeta, formou-se durante a guerra pelo domínio de Meca: todos os muçulmanos são irmãos e devem combater todos os infiéis, ainda que estes reconheçam a existência de um único Deus.
É de referir que Islão é um termo muito expressivo para o mundo muçulmano, pois significa "submissão", "rendição" ou "entrega" a Alá, o que exprime a mais íntima atitude dos que abraçaram a pregação do Profeta.
O principal ensinamento do Islamismo é, basicamente, o que se conhece por Chaada, ou confissão de fé, que todos os muçulmanos conhecem de cor: "La ilah illa; Muhammad rasul Allah", que significa "Não há outro Deus senão Alá; Maomé é o mensageiro de Alá". Este ensinamento está em harmonia com uma passagem do livro sagrado: "O vosso Deus é um só. Não há mais Deus que Ele, Clemente, Misericordiosíssimo".
No ano de 624, Maomé mudou a orientação da oração. Não se voltou mais para Jerusalém, mas sim para Meca. A ele se deve igualmente a instituição da guerra santa (jihad), que obriga a combater todos os inimigos do Islão.
Quando faleceu, no ano de 632, o Profeta deixou uma comunidade unida e politicamente organizada, assente nos preceitos do livro sagrado islâmico, o Corão.
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